No final dos anso 90 havia um programa infantil em que as crianças hackeavam a transmissão da TV para exibição do programa pirata do seu clubinho, o Comitê Revolucionário Ultra Jovem. O bordão do CRUJ era Eu sou ultrajovem e mereço respeito. Mais de vinte anos se passaram e os ultrajovens ainda não conseguiram o respeito da população.
Do alto do nosso cérebro adulto, supostamente plenamente desenvolvido e equilibrado, interpretamos as ações e reações das crianças como desafios à nossa existência e sacrificamos a existência e a dignidade delas o tempo todo, muitas vezes sem motivo algum.
Não damos privacidade a uma criança em troca de fralda. Não perguntamos o que ela quer comer, ou quanto ela quer comer porque não nos importamos se ela quer comer, mas tão somente em cumprir o nosso papel de alimentar. Qualquer expressão de personalidade da criança é má-educação.
Em 1990, pela primeira vez a lei brasileira afirmou que as crianças são pessoas com direitos como todas as outras pessoas, e outros ainda em razão da sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Uma pessoa em desenvolvimento não é meia-pessoa ou quase-pessoa. É uma pessoa.
A nossa convivência com as crianças será mais pacífica quando os adultos tiverem maturidade suficiente para entender que crianças são crianças e crianças são pessoas. Os ultrajovens merecem respeito.
CRUJ, CRUJ, CRUJ, tchau.