Ser de esquerda é um fetiche

A juventude, os sonhos, os ideais. Dizem que quem nunca se encantou pela esquerda na juventude não tem coração. O discurso de igualdade é fascinante. As oportunidades de construir um mundo melhor e consertar tudo o que está errado no mundo são imperdíveis.


As escolas ajudam a formar a imagem dos mocinhos justiceiros, associando tudo o que não é esquerda à ditadura, à opressão, à vilania, enquanto à esquerda pertencem os valores que todos os seres humanos deveriam ostentar: a solidariedade, a compaixão, a misericórdia. Associaram Jesus Cristo ao comunismo, muito embora ele não fosse (e continue não sendo) bem-vindo em nações vermelhas.

Juntem-se a nós! Nossas camisetas são maneiras.
Se você é uma pessoa boa, que se importa com os outros, que não tem pretensões de dominação mundial, se você é uma pessoa do bem e de boas, então você é de esquerda. A esquerda se torna cool. E é assim que muitos aderem ao movimento sem ter uma boa noção do que estão apoiando, criando um exército de ignorantes que propagam a ideia.

A falácia da igualdade

A premissa de toda ideologia de esquerda - de todas as esquerdas - se baseia no valor da igualdade. Realmente parece maravilhosa a ideia de que todos os seres humanos sejam iguais, quando a igualdade entre todas as pessoas significa que ninguém vai sofrer, mas não existe nada que realmente identifique a igualdade com a ausência de sofrimento.

Igualdade é o valor determinante no sistema de cotas em que o raciocínio é "se tal grupo representa x% da população, este grupo deve estar representado em igual proporcionalidade em todas as áreas da vida". Assim, são criados métodos para reproduzir artificialmente a igualdade almejada, filtrando o acesso não mais a partir do desejo, das habilidades, da capacidade de cada um, mas de um critério diverso e desconexo com as características necessárias para a função.

Jardim opressor na sacada exibicionista de um rebelde
A igualdade parece ótima, até o momento em que conflita com a liberdade. Para que sejamos todos iguais, não poderemos ser todos livres, porque se eu quiser ser algo diferente do padrão, a igualdade suprimirá a minha liberdade. O problema fundamental é: quem define qual é o padrão a que todos serão nivelados? Seremos todos iguais... a quê? Quais vontades precisarão ser suprimidas em cada pessoa para criar a igualdade do grupo?

Um romance com o Estado

Uma característica predominante em muitas correntes de esquerda é a dependência do Estado. Para garantir a igualdade é necessário um ente que administre a situação e que funcione como o grande fornecedor de benesses. Tudo aquilo que se deseja que todas as pessoas possam desfrutar é arrolado nas funções estatais.

Todos têm direito à segurança, saúde, ordem pública. São fundamentais os direitos à educação, trabalho, meio ambiente. Todos também devem ter direito ao esporte, ao lazer, ao transporte. Não vamos esquecer do direito ao bem-estar, à felicidade, à satisfação com a vida.

Não há nada de errado em desejar todas essas coisas para si e para os demais. O erro está em atribuir a responsabilidade por todas elas ao Estado. Não estamos falando de um Estado que deve garantir que ninguém atrapalhe a saúde, o esporte, o trabalho do outro, mas de uma exigência de que o Estado forneça todas essas coisas.

É uma forma de se livrar da responsabilidade pessoal - com o próximo e consigo mesmo - e sustentar o discurso hipócrita. Veja o caso dos milionários de Nova York que querem pagar mais impostos em nome da justiça social em vez de usar esse dinheiro para efetivamente fazer justiça social. É um discurso que não cola. Se você quer realmente que algo bom seja feito, vai se esforçar pra fazer ou vai pedir pra que uma instituição que não dá conta, que não funciona, que tem uma estrutura cara, onde a corrupção abunda, faça isso em seu lugar?

Boa pergunta..
Por outro lado, é uma ótima maneira de fazer com que nada seja feito - já viu alguém com excesso de atribuições conseguir cumprir uma sequer bem feitinha? - e que o custo do Estado seja maior para todos - se eu tenho mais atribuições, eu preciso de mais dinheiro. Quase tudo o que o Estado faz - ou finge que faz - o particular pode fazer melhor e mais barato.

Existe também uma premissa por trás da cultura do imposto de que não somos seres racionais o suficiente para gastar o nosso dinheiro com aquilo que é melhor para nós - é o Estado quem sabe o que é melhor para nós. É como se o Estado tratasse todo mundo como aquele bêbado que vem pedir dinheiro pra passagem, mas que na verdade é pra gastar tudo em cachaça. É a infantilização do cidadão.
Fazer escolhas e tomar decisões são habilidades essenciais à sua humanidade

E se em vez de pagar todos esses impostos você pudesse usar esse dinheiro para cuidar de você, da sua família e de outras pessoas? Eu gostaria de ter mais dinheiro para investir em projetos sociais em que eu acredito e confio - mais do que no Estado.

Em resumo, a igualdade não é tão boa quanto parece, e o Estado não é o melhor gestor para a sua vida. Você não existe para ser igual, você existe para ser livre.

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